quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Uma Aventura de Moto pelo Brasil em 1961

Era uma vez... Antigamente, ao invés de asfalto, a maioria das estradas era de terra, ocasionando por isto muitos acidentes, desabamentos e atoleiros.

Mas, mesmo assim, havia alguns motociclistas malucos que, ávidos por aventuras e ansiosos por conhecer gente e lugares diferentes, sem qualquer planejamento ou equipamento, percorriam estradas, independentemente de quaisquer riscos que pudessem correr.

Em 1960, eu e um garupa, montados numa motocicleta Norton Dominator 500cc ano 1956, resolvemos ir do Rio de Janeiro (capital) até Recife (PE) para vermos o frevo e o Cannaval pernambucano.

No entanto, devido a compromisso assumido no caminho, fomos além, até Campina Grande (PB), mesmo tendo de enfrentar chuvas, atoleiros, frio e até fome, por falta de dinheiro, só voltando para o Rio de Janeiro, após termos cumprido o tal compromisso: "E olha que da missa nós nem sabíamos a metade".

Se compararmos a ida, onde tivemos os problemas anteriormente citados, com o infortúnio que passamos na volta, acreditem, a ida foi como se tivéssemos feito um passeio no paraíso.

Essa aventura, 50 anos já decorridos, foi agora escrita e romanceada no original "Motociclistas Invencíveis" e logo no ínicio do livro alerto: "A aventura narrada neste livro aconteceu porque Deus estava conosco, ía um pouco afastado de nós, é certo, tendo em vista que ficar perto de dois malucos é altamente perigoso".

E não é que um ano depois, em 1961, resolvi fazer outra viagem, desta vez do Rio de Janeiro até Curitiba (PR), com a mesma Norton Dominator para ver, desta vez adivinhem...isso mesmo! O Carnaval em Curitiba!

Por haver na época poucos motociclistas que se atreviam a pegar estradas para longos percursos, fosse com sol ou debaixo de chuva, inclusive à noite, logo na altura do antigo quilômetro 402 da Via Dutra, onde havia posto da Polícia Rodoviária, fui entrevistado por um repórter da Rádio Record-Última Hora - PRB9, parecendo até com o seriado da TV que havia na ocasião: Vigilante Rodoviário, só faltou o cachorro.

E por acreditar no ditado popular que diz que "uma gravura vale mais do que mil palavras", as fotos apresentadas falam por mim nesta aventura.

Considerações compartativas:

Os antigos navegadores que singravam mares desconhecidos nos seus navios da época, sem mapas, roteiros ou bússolas para se orientarem, levando ainda com eles a crença de que a qualquer momento poderia acabar o mar, fazendo com que despencassem todos num abismo como que caindo numa cachoeira sem fim, nada disso lhes importava e saíam em busca de novos portos, descobrimentos e aventuras.

Isto posto, faço então uma pequena comparação com antigos motociclistas, que nas suas épocas não tiveram equipamentos nem a facilidade de comunicação. As estradas, por serem quase que intransitáveis, eram na sua maioria despovoadas e desertas. E quanto a socorros nem se falar, porque as coisas tinham de ser resolvidas de improviso. A criatividade era fundamental, caso contrário sucumbiriam. Mas, felizmente, a civilização e o mundo evoluíram E como!

Atualmente, a comunicação com sua tecnologia de ponta, é até uma covardia, tendo em vista que, levando no bolso um pequeno telefone celular, é possível fazer contato com o mundo. As atuais estradas está agora faratamente iluminadas, sinalizadas e bem pavimentadas, com cidades povoadas em quase toda a sua extensão, sem se falar nas excelentes motos que, dotadas de igual alta tecnologia, proporcionam mais conforto, rapidez e segurança (até GPS e ABS tem), permitindo aos motociclistas irem mais longe, mais rápido e confortavelmente. Tanto que, agora, alguns motociclistas até rodam o mundo, mantendo, dessa forma, a tradição dos estradeiros.

Foto: Arquivo pessoal - João Cruz

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