
Movido a baterias de lítio, protótipo fez média de quase 500km/h no trajeto, mas parou em outro teste por falha mecânica
por Aylons Hazzud
O carro elétrico mais veloz do mundo alcançou, em testes realizados semana passada, 515km/h na velocidade máxima. Criado por estudantes da Universidade de Ohio, nos EUA , o automóvel fez uma média de 495km/h durante o trajeto de ida e volta, batendo o recorde anterior cravado pela própria equipe, chamada Buckeye Bullet .
Como todo veículo feito para bater recordes, a carroceria lembra mais um desenho animado do que algo que usaríamos como meio de transporte. Mas se a aparência é muito diferente dos produtos comerciais, as baterias de lítio foram fornecidas pela A123 Systems, fornecedora de fabricantes como a Chrysler, explica o site Inhabitat . O recorde é reconhecido pela Federação Internacional de Automobilismo, a FIA .
E no que dependesse da parte elétrica, a máquina poderia até ter ido até mais rápido: após o recorde, uma nova tentativa falhou por causa de uma falha mecânica do veículo, que não resistiu ao torque do motor. A equipe não conseguiu fazer os reparos para permitir novos testes desta vez, mas o projeto continua e novas versões do protótipo estão previstas.
O recorde é interessante porque remete ao início da medição de marcas de velocidade em terra. Os primeiros dois registros de velocidade máxima, anotados em 1898 e 1899, foram feitos com veículos elétricos, que, pilotados por Gaston de Chasseloup-Laubat em Achères, na França, atingiram as estupefacientes marcas de 63 e 70 km/h, respectivamente. O próximo recorde, medido apenas em 1902, já era com um motor a vapor.
Entenda o recorde de velocidade em terra
À exceção dos dois registros de Chasseloup-Laubat, sempre citados por serem as primeiras medições de velocidade de veículos de que se tem notícia, oficialmente o registro de recorde de velocidade começou em 1902, quando o Automóvel Clube de França tomou para si a tarefa. Na época, vários clubes criaram suas próprias regras para a medição e registro desses recordes.
Essa confusão durou até 1924, quando a Association Internationale des Automobile Clubs Reconnus ( AIACR ), sendo um órgão internacional que reunia diversos clubes do mundo todo, resolveu regulamentar esse registro. A AIACR transformou-se em 1947 na atual FIA (Federação Internacional de Automobilismo), e ainda hoje é quem “manda” no reconhecimento e registro dos recordes.
Em 1924, a AIACR propôs as seguintes regras para o recorde “valer”: o veículo tem que ter quatro rodas, a potência do motor tem que ser transmitida ao chão pela própria roda e a medição tem que ser feita em duas “passadas” (ida e volta) calculando a média dos dois valores medidos. Enquanto essas regras valeram, até 1963, todos os recordes foram batidos por motores a explosão (do mesmo tipo usado nos automóveis de passeio até hoje).
Em 1963, o famoso Spirit of America, do norte-americano Craig Breedlove, cumrpiu a façanha de ultrapassar as 400 milhas por hora (cerca de 650 km/h). Até então, os EUA eram “fregueses” dos ingleses e franceses nessas disputas, portanto Breedlove foi tomado como herói nacional ao quebrar o recorde. Houve certa polêmica na época, porque o Spirit of America só tinha três rodas, parecia-se com um avião e era propelido por jatos, com as rodas completamente livres. O recorde não foi reconhecido pela FIA , mas isso não importou muito: a partir de então, todos os recordes absolutos de velocidade em terra (ou seja, sobre rodas, somados todos os tipos de propulsores existentes) até hoje foram quebrados unicamente por automóveis a jato.
A FIA criou em 1964, então, uma subcategoria de veículos com trasmissão pela roda, para manter o interesse no desenvolvimento de carros recordistas com outros tipos de motor e transmissão. E dessa subcategoria nasceram outras, especializadas em tipos de motores. O carro da Buckeye Bullet é o atual recordista na categoria dos motores elétricos. Há até uma categoria para motores a vapor, cujo centenário recorde de 1906 foi batido em 2009 pela British Steam Car, com uma velocidade de 239 km/h.
Todas as categorias acima, mantidas pela FIA , são para veículos com potência nas rodas, sem trilhos e pilotados por um humano. O recorde absoluto em terra, contando qualquer veículo que não seja voador, pertence a uma locomotiva-foguete, não pilotável, desenvolvida pela Força Aérea dos Estados Unidos. O trem chega a um impressionante Mach 8,5 (oito vezes e meia a velocidade do som, ou cerca de 10.400 km/h – isso mesmo, dez mil e quatrocentos quilômetros por hora). Se lembrarmos que os aviões comerciais não chegam nem a Mach 1 (à exceção do extinto Concorde), é uma marca e tanto.
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