domingo, 21 de novembro de 2010

Reflexão-A ÚLTIMA DAS CRIATURAS



Por Misael Nóbrega de Sousa

Os mamíferos que povoam a terra deixarão de ser elementos plásmicos para ilustrarem uma fábula qualquer. Os que chamamos de “bicho” vão para a morte, igual uma rendição de propósito. E se reagem é, por acaso, espasmos de vida. A atitude do executor não é sinonímia de sobrevivência: é, na realidade, um assassinato; uma afronta à natureza, com os seus ciclos e cadeias alimentares. O morticínio já se instaurou entre os que “pensam...” por falta do que fazer. E tudo será, então, digno do mais tenebroso, tédio. O homem é a última das criaturas. Até que forças divinas e sobrenaturais se convertam em manhãs de domingo e possam gerar um novo ente para que haja, também, outro começo. Após a saturação deste cenário debilitado, e assim conforme os desígnios e regras posteriores ao “gran finalle”, roga-se no porvindouro uma raça menos arrogante.

E que nasçam das pedras como os rios...

O novo habitante, enfim, terá uma experiência de amor. Deste modo, haverá de se orgulhar da existência. E, assemelhando-se ao pólen, irá confiar a cada pareceiro uma porção do antídoto, antecipando-se ao caos. Todos poderão viver plenamente sem precisar da razão. E na eternidade dos dias que se passarem... - O descanso sossegado das horas e a certeza de que aquilo é mesmo a felicidade. Não haverá ambição do paraíso, também pudera: naquela terra tudo será de encantamento. E a abóbada celeste servirá de inspiração para voar, portanto, referência do que é céu. Anjos tocarão as melodias de Orfeu e tanto o nascedouro como o morredouro serão motivos de celebração por três dias – assim, não haverá outra coisa a fazer senão dançar – e, na medida exata da separação dos corpos, para que também, a proximidade física não seja um influenciador dos mundos. É na pia batismal dos sonhos que eu encontro à dádiva da vida. E só depois de tudo consumado poderei, enfim, entender o que sou – e assim, libertar a minha alma do inferno que não existe. Para sermos verdadeiramente livres temos que desistir deste lugar.


Professor e jornalista

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